A
DIMENSÃO ONTOLÓGICA DA DIDÁTICA COMO CAMPO DE CONHECIMENTO: UMA REFLEXÃO ACERCA
DO ENSINO, SEU OBJETO EM SITUAÇÃO.
CAVALCANTE, Maria Marina Dias – PPGE/UECE
maria.marina@uece.br
LOPES, Fátima Maria Nobre Lopes – PPGE/UFC
fatimanobreufc@gmail.com
SILVA FILHO, Adauto Lopes da
adautoufcfilosofia@gmail.com - PPGF/UFC
INTRODUÇÃO
A inserção do trabalho no tema
central do XVIII EPENN – Caminhos da Pós – Graduação em Educação no Nordeste do
Brasil: Avaliação, Financiamento, Redes, e Produção Científica – nos remete a pensar
como se insere a Didática nesses caminhos da Pós-Graduação em Educação. Somos
convictas de que tais caminhos não podem prescindir da dimensão ontológica da
Didática sem a qual as instituições de avaliação, financiamento, redes,
produção científica, e outros, não terão sentido para o ato do ensinar e do
aprender na pós-graduação ou em qualquer outro nível de ensino. Temos a clareza
de que esse postulado nos permite destacar os desafios do campo de conhecimento
da Didática a partir da sua razão de ser no processo ensino e aprendizagem,
quer dizer, a partir da sua dimensão ontológica. Trata-se, aqui, do primado do
ser sobre o saber; do ontológico sobre o gnosiológico.
Nesse sentido partimos do
pressuposto de que o Ser da Didática, a sua dimensão ontológica, independe de
qualquer nível, modalidade e área de ensino. Ela deve estar presente em todo
processo de aprendizagem, inclusive nos cursos de Pós-Graduação em nível de
Especialização, Mestrado e Doutorado. Portanto, a dimensão ontológica da
Didática não consiste simplesmente numa abordagem metodológica ou como uma
disciplina. A Didática atua como uma mediação para o alcance de uma
aprendizagem quer seja em sala de aula (repetimos: em qualquer nível de ensino)
ou fora dela; na formação inicial ou continuada, incluindo os cursos de Pós-Graduação.
Diante
dessas considerações a nossa opção foi compreender as aprendizagens docentes
como professoras, respectivamente, dos Programas de Pós-Graduação da UECE e da
UFC, a partir de duas experiências: na UECE os relatos das aulas na disciplina “Teorias e Abordagens
Investigativas sobre Formação Didática e Trabalho Docente”; e na UFC a didática das aulas expositivas dialogadas
na disciplina de “Ontologia do Ser Social com ênfase nos Fundamentos
Filosóficos da Educação”. Trata-se de um trabalho que se desenvolveu no âmbito
dessas disciplinas mencionadas a partir das quais tomamos o depoimento de dois
alunos de cada disciplina e depois os quatro alunos juntos fizeram uma síntese
das duas experiências apresentando os seus depoimentos sobre o conhecimento
adquirido, as reflexões, interações e autonomia do pensamento e da pesquisa.
Considerando
a dimensão ontológica da Didática como um campo de conhecimento voltado para o ensinar
e para o aprender, articulando aspectos teórico-metodológicos e pressupostos políticos-pedagógicos,
ela é requerida na atuação docente nos cursos de qualquer modalidade
(licenciatura, bacharelado, profissional, etc.) que exija uma aprendizagem por
se materializar no próprio trabalho didático do professor em sala de aula,
inclusive nos cursos de Pós-Graduação. Aqui consiste a sua dimensão ontológica:
o ato do ensinar e do aprender deve ter em si o ser da Didática, portanto, ela
é intrínseca ao próprio ensino em toda sua complexidade.
2. A DIMENSÃO
ONTOLÓGICA DA DIDÁTICA: POSSIBILIDADES LATENTES COMO MEDIAÇÃO PARA O PROCESSO
ENSINO E APRENDIZAGEM.
Tomando o
pensamento de György Lukács para falarmos da dimensão ontológica da Didática
podemos iniciar com a questão central, exposta na sua obra Ontologia do Ser Social[1],
referente à relação intrínseca das determinações reflexivas[2]
entre teleologia e causalidade como a pedra angular da instauração da vida social
dos homens, ou seja, de uma objetividade social, da sua sociabilidade. A esse
respeito Lukács (1976) diz que no quadro do ser social teleologia e causalidade
manifestam
uma autentica relação de determinações reflexivas , que forma a base ontológica do que Marx chama de
intercâmbio orgânico entre a sociedade e a natureza. Por mais que a causalidade
e a teleologia possam aparecer ao intelecto como autônoma, diversas, e ainda
contrapostas, a sua relação reflexiva cria no trabalho processos indissolúveis
nos quais a causalidade espontânea e a teleologia posta resultam dialeticamente
articuladas (p. 255).
Explicitando
essa teoria Lukács afirma (1981) que o mundo social é constituído a partir das
posições teleológicas (finalidades, ideações)[3]
dos homens, tanto no ato do trabalho - ao transformar a natureza em objetos de
uso - onde se dão as teleologias primárias; como nos complexos sociais que dele
derivam – o direito, a justiça, a política, a educação, etc. – onde ocorrem as
teleologias secundárias. É a partir do estabelecimento das posições teleológicas
no ato do trabalho que o homem transforma uma causalidade natural (a natureza)
em causalidade posta (o produto do trabalho). Nessa processualidade o homem
transforma não somente a natureza, mas a si mesmo criando uma nova
objetividade, agora social, de onde se geram os complexos sociais incluindo a educação
e os seus nexos causais como a educação formal, os cursos de graduação e
pós-graduação, a formação de professores, a didática, o processo ensino e
aprendizagem, etc.
Portanto,
teleologia e causalidade são partes de um mesmo processo que criam algo novo –
a objetividade social - pondo em movimento um sistema causal, combinações
completamente novas (tanto da natureza como também do social) de onde se geram
as diversas possibilidades de alternativas e de escolhas.
Embora muitas possibilidades estejam latentes,
esse fato não impede a autonomia e a liberdade de escolhas dos homens. Isso
demonstra que a consciência é ativa, pois, com a posição teleológica do
trabalho e dos complexos sociais que dele derivam “a consciência humana deixa
de ser, no sentido ontológico, um epifenômeno” (LUKÁCS, 1981, p. 125). O
estabelecimento das teleologias (primárias ou secundárias) e as ações para
realizá-las demonstram o papel decisivo da consciência humana no devir
histórico do ser social. Nesse sentido Lukács afasta toda concepção retilínea,
mecanicista ou positivista[4] do
processo histórico e social dos homens. É claro que as possibilidades de
decisões e de escolhas não pressupõem um controle absoluto sobre a situação.
Embora a posição teleológica seja consciente, não se tem um domínio completo
(um total conhecimento) sobre todas as condições possíveis da sua realização e
sobre os nexos causais (principalmente no nível das teleologias secundárias) que
daí ocorrem cujos resultados podem ser positivos ou resultar em fracasso. Porém
para tal realização se faz necessário a busca dos meios e o exame dos nexos
causais que ai estão envolvidos e, quanto mais se conhece a legalidade desse
processo, mais preciso poderá ser o resultado da teleologia estabelecida.[5] Portanto,
o conhecimento o máximo possível dos meios e das condições objetivas é uma
necessidade essencial para se atingir uma determinada finalidade. É nesse
sentido que é preciso observar que o estabelecimento da teleologia deve ser
compatível com a realidade existente e com as condições para realizá-la[6].
No caso da não obtenção
satisfatória dos resultados poderá ocorrer o exame de novos meios e o
estabelecimento de novas ações, pois, não se pode esquecer que o
estabelecimento das teleologias e as ações para realizá-las são portadores de
determinações genéricas universais, gerando uma totalidade que sai da esfera
teleológica e entra na esfera da causalidade, se coagulando numa realidade
própria, diferente do seu criador (o homem social e histórico) e parecendo
escapar do seu controle. Porém a objetividade aí criada tem um caráter apenas
causal, jamais finalista, pois ela é a síntese das múltiplas teleologias,
determinações e escolhas dos atos individuais. Temos aqui um complexo de
complexos onde se insere a educação e toda a sua cadeia causal, destacando, no
nosso caso, a questão da Didática nos cursos de Pós-Graduação em Educação nos
níveis de Mestrado e Doutorado.
Já
mencionamos que o Ser da Didática, a sua dimensão ontológica, independe de
qualquer nível, modalidade e área de ensino. Ela deve estar presente em todo processo
de ensino e aprendizagem, inclusive nos cursos de Graduação e stricto sensu e lato sensu. Portanto, é importante destacar que a Didática
se refere ao ensinar e ao aprender em qualquer profissão e, é claro, com mais
intensidade na profissão docente. A sua dimensão ontológica remete, assim, ao
seu caráter geral independente das especificidades do ensino, das suas diversas
áreas. Acreditamos que é nesse sentido que Pimenta e outros (2015), tomando o
conceito de Jacques Ardoino[7] de
multirreferencialidade, falam de uma Didática Multidimensional, conforme a
seguir.
Temos concluído
que, muitas vezes, o foco excessivo na dimensão disciplinar retira da tarefa do
ensino sua necessária multidimensionalidade. Acreditamos que o ensino é uma
atividade multidimensional, em todas
as esferas disciplinares. Empregamos esse termo, em complemento à abordagem
multirreferencial, para reafirmar a nossa convicção de que o ensino, de
qualquer disciplina do saber, requer uma dinâmica de convergência nos atos e
formas de ensinar [...] uma vez que a prática da educação organiza-se como
fenômeno complexo imbricado nas condições históricas e mediado por múltiplas
determinações. (livro 04, p. 484).
É desse modo que acreditamos que os
professores, em qualquer área de conhecimento e em qualquer nível de ensino
(inclusive no Mestrado e Doutorado), não podem prescindir de uma Didática que
seja mediadora de uma real aprendizagem do aluno. É somente aqui que podemos
falar do Ser da Didática, quer dizer, da sua dimensão ontológica no sentido de cumprir a sua função social. Vale
ressaltar que não estamos falando do termo função numa conotação funcionalista
e/ou positivista, ao contrário, estamos falando no seu sentido dialético porquanto
ela possa realmente proporcionar a síntese da sua processualidade, a realização
da sua teleologia, que consiste na aquisição
do novo, isto é, a aprendizagem do educando.
No estabelecimento de
posições teleológicas da Didática, enquanto mediação do ensino na perspectiva
de aprendizagem do aluno, ocorre uma série de nexos causais e diversas
possibilidades, evidentes e/ou latentes, de alternativas e de escolhas para a
realização dessas posições. É aqui que a Didática se apresenta como um campo de
conhecimentos, pois, no processo de realização das teleologias não se pode
prescindir do conhecimento dos meios e das condições objetivas para a sua
realização, o que certamente requer os diversos saberes do educador, inclusive
o domínio do conteúdo do que vai ensinar, mas sem prescindir dos outros
saberes: experienciais, políticos, ideológicos, pedagógicos, etc.
Porém é preciso destacar que a dimensão
ontológica da Didática consiste no alcance de aprendizagem do aluno no sentido
de elevá-lo não somente em termos de aprendizagem de uma determinada ciência,
mas, acima de tudo de elevá-lo na sua generidade humana. É nesse aspécto que,
em outro escrito, afirmamos que “a dimensão ontológica da didática requer a
consideração da sua natureza ética, pois, se o ensino só ocorre se houver
aprendizagem, ele deve ser eticamente formativo” (LOPES E SILVA FILHO, 2015, p.1259).
Amparados pelo pensamento
de Lukács (1976 e 1981), é nesse sentido que no campo da Didática, defendemos a
necessidade de se ter um conhecimento, o mais correto possível, da realidade
objetiva no estabelecimento das teleologias e dos nexos causais para realizar
um determinado processo de ensino e aprendizagem. Esse processo é sempre
acompanhado pelo nexo “se... então”, ou seja, se essas teleologias... então
essas causalidades; se essas condições... então essas possibilidades (latentes
ou evidentes); se essas escolhas... então esses resultados, etc. Reafirmamos
que é preciso que se leve em conta as condições objetivas, no estabelecimento
das posições teleológicas, no sentido de se almejar o que é realmente possível
alcançar no campo da Didática para que ela cumpra o seu papel ontológico de um
ensino efetivo e formador e, ao estabelecer tais teleologias, “deve-se buscar
os meios o mais próximo possível a fim de desvendar as possibilidades para
permitir a realização e a obtenção da finalidade (teleologia) almejada” (LOPES
E SILVA FILHO, idem, p. 1261).
É por esse viés que elegemos,
a partir do presente escrito, o depoimento de alunos em relação a duas posições
teleológicas em nossa trajetória do ensinar e do aprender nos Cursos de
Mestrado e de Doutorado em Educação da UECE e da UFC: os relatos das aulas e as aulas
expositivas dialogadas, respectivamente.
3. SOBRE A NOSSA
TRAJETÓRIA DO ENSINAR E DO APRENDER
Ao
longo da nossa trajetória temos construído aprendizagens que nos possibilitam
traçar caminhos para a organização das nossas Disciplinas. Nesse sentido temos
adotado várias concepções e métodos que vêm norteando as nossas experiências
docentes.
A
busca de posições teleológicas que promovam saberes, comportamentos,
pensamentos e valores, com potencial educativo, tem sempre o seu sentido
voltado para a aprendizagem do aluno, constituindo-se em um exercício
comprometido, intencional, de articulação entre meios e fins, pautado por
princípios éticos de intervenção, formação, criação e transformação da
realidade e do próprio homem. Esse é o nosso horizonte a partir do qual trabalhamos
sempre buscando a realização da práxis educativa no sentido posto por Libâneo
(2008, p. 25),
O
caráter pedagógico da prática educativa se verifica como ação consciente,
intencional e planejada no processo de formação humana, através de objetivos e
meios estabelecidos por critérios socialmente determinados e que indicam o tipo
de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. Vincula-se, pois, a
opções sociais e políticas referentes ao papel da educação num determinado
sistema de relações sociais.
É
a partir desse pressuposto que a Pedagogia tem como objeto investigar a natureza da educação em uma dada sociedade,
dirigindo e orientando os objetivos, os meios e as condições metodológicas,
organizativas e apropriadas para a formação plena dos sujeitos. Como ciência da
Educação, cabe à Pedagogia suscitar as teorias e práticas que as fundamentam,
promovendo um caráter reflexivo e transformador por meio da práxis educativa, com
a sua posterior objetivação, compreensão e transformação (FRANCO, 2008).
Ressalva-se que isso só será possível se for considerados os pressupostos e as
condições históricas que a fomentam, organizam e direcionam. Nesse sentido, a Pedagogia
emerge com a função de interpretar as teorias e as práticas educativas objetivando
fins éticos e emancipatórios a partir dos quais os indivíduos por meio de um
trabalho pedagógico crítico e coletivo promovem, de forma reflexiva e
consciente, a construção de novas relações sociais, novas formas de existência
e de sociabilidade humana.
É
nessa direção que a dimensão ontológica da Didática, como área da
Pedagogia, ocupa-se do processo de
ensino como prática intencional, sistematizada e dirigida à aprendizagem do
aluno. Ela se constitui como uma mediação essencial para a formação humana a
partir do momento em que ela cumpre tal função, o que implica sempre a
aprendizagem de algo em qualquer área e/ou nível de conhecimento. Porém sendo
fundamental à formação e ao trabalho do professor (e aqui podemos mencionar a
Disciplina de Didática, inclusive nos cursos de Mestrado e de Doutorado em
Educação) pois é por meio da condução didática do ensino, dos seus objetivos,
modos e condições que o professor consegue mobilizar e reconstruir o seu
próprio saber docente e os conhecimentos sistematizados a serem conscientemente
apreendidos pelos alunos. Segundo Pimenta (2011, p. 121),
A
Didática, entendida como área do conhecimento que tem por especificidade o
estudo do processo ensino-aprendizagem, contribui com as demais na formação de
professores. Enquanto disciplina, traduz-se em um programa de estudos do
fenômeno ensino, com o objetivo de preparar os professores para a atividade
sistemática de ensinar em uma dada situação histórico-social, inserindo-se nela
para transformá-la a partir das necessidades aí identificadas de direcioná-la
para o projeto de humanização.
Nesse
contexto, a Didática articula os fins, os meios, os propósitos, as ações, os
conteúdos e as relações que permeiam o processo do ensino que, fundamentado em
princípios e objetivos sociopolíticos e pedagógicos, deve promover o
desenvolvimento das capacidades cognitivas, intelectual, física e afetiva dos
alunos, tendo como direção central a sua formação humana.
Assim,
a prática do educador deve estabelecer teleologias capazes de promover o
educando para o domínio o mais consolidado possível dos conhecimentos
científicos e axiológicos, possibilitar as condições e os meios propícios para o
desenvolvimento das suas capacidades e habilidades cognitivas, promovendo a sua
autonomia e capacidade reflexiva ao longo da sua aprendizagem; possibilitar as
condições e os meios propícios para a formação pessoal e profissional dos
alunos, fomentando neles possibilidades, perspectivas, atitudes, sentimentos e
convicções que fundamentem suas escolhas capazes de elevar o gênero humano.
Libâneo
(2008) afirma que o professor garantirá concretamente tais objetivos de ensino
e aprendizagem a partir do desenvolvimento de um conjunto de atividades
didáticas (planejamento, direção do ensino e da aprendizagem e a avaliação)
articuladas entre si e que se desdobram em diversas tarefas restritas e pontuais,
mas que se relacionam e convergem para a efetivação do ensino. Podemos afirmar
que há uma relação recíproca e indissociável entre a transmissão e a
assimilação ativa do conhecimento; entre a atividade do professor (ensino) e a
atividade de estudo do aluno (aprendizagem). Assim, vários componentes
fundamentais do ensino são influenciados e influenciam a prática do professor,
tais como as teleologias estabelecidas, os conteúdos e métodos de ensino, a
estruturação didática da aula, o planejamento, a avaliação de aprendizagem, os
pressupostos sócio-históricos, pedagógicos, éticos e formativos, bem como as
relações estabelecidas entre professor e aluno na sala de aula.
Toda
essa processualidade altera as determinações causais gerando novas possibilidades
na trajetória do ensinar e do aprender cuja instauração ocorre pelas
determinações reflexivas entre teleologia (no campo da Didática refere-se às
teleologias secundárias) e causalidade, agora posta. Segundo Lukács (1981), é somente aqui, no
âmbito das teleologias secundárias, onde se insere a práxis social dos homens,
que se completa a humanização do homem. O mesmo ocorre no campo da Didática
que, com o estabelecimento de teleologias voltadas para o processo ensino e
aprendizagem, o conhecimento dos nexos causais, a busca dos meios e de ações
para realiza-las, vai “aumentando o seu raio de ação e a sua importância”(LOPES,
2013, p. 65), constituindo um campo de conhecimento para a efetivação do seu
ser, da sua dimensão ontológica que consiste no principio dinâmico do ensino e
da aprendizagem.
Nessa
perspectiva, a Didática materializada na prática do professor (quer seja
enquanto Disciplina de Didática, quer seja enquanto Didática de outra
Disciplina) incumbe-se de articular tais componentes de forma a possibilitar o
real processo de ensino e aprendizagem num movimento de ação-reflexão-ação
refletida sobre a prática docente. Caracterizada como mediadora entre os
aspectos teórico-científicos e os aspectos práticos da ação docente, ela media
“o quê”, “o como” e o “por que” do processo de ensinar em qualquer nível de
formação incluindo, como já dissemos, os cursos de Pós-Graduação. Para Alarcão
(2011), o movimento de mediação entre estes aspectos diz respeito às interrelações
estabelecidas entre a Didática curricular expressa em uma especifica disciplina
dos cursos de formação de professores e a ação profissional incidindo na
própria atuação docente, no exercício da sua função. São essas experiências que
mencionaremos a seguir: a Disciplina de Didática e a Didática de outra
Disciplina nos Programas de Pós-Graduação da UECE e da UFC.
3.1.
Sobre o ensino de Didática na
Pós-Graduação utilizando relatos preparatórios: uma prática metodológica
Para encaminhar
“didaticamente” as discussões em nossas aulas na Disciplina de “Teorias e
Abordagens Investigativas sobre Formação Didática e Trabalho Docente”, no
Programa de Pós-Graduação em Educação da UECE, tomamos os relatos preparatórios das aulas como espaço de análise das
abordagens, posturas, recursos utilizados pelo grupo classe e/ou outros tantos
aspectos que o grupo considera interessante de colocar em debate. Com isso
buscamos estimular o desenvolvimento da percepção, por parte dos alunos, a respeito
do que está subjacente à discussão em
uma aula, da trama de relações e interações que se desenvolve ao longo
da sua duração, das motivações e estratégias que lhe dão sustentação. Dedicamos
um tempo para essa análise em cada dia de aula e orientamos os alunos com
algumas leituras e/ou questões que os ajudam nesse processo, cabendo aos mesmos
agregarem outras que lhes pode parecer impulsionadoras de sua discussão. Como
posicionamento teleológico direcionamos as nossas orientações para os pontos
que sedimentam as aprendizagens: seja individual e/ou coletiva; a dinâmica de
construção do encontro e o desempenho da coordenação na condução das aulas.
O
percurso de elaboração apoia-se no
pensamento de Zabalza (2004), que orienta o desafio apontando as possibilidades
de relatar de forma refletida,
fugindo assim, da tradição de
registrar a aula copiada. Também buscamos apoio nas considerações de Pimenta (2011) ao
destacar a importância de preparar professores que assumem uma atitude
reflexiva em relação ao ensino e às condições sociais que o influenciam. Ressalta
ainda que os relatos das aulas
permite aproximar o professor da prática reflexiva, incentivando a formação de
sujeitos críticos e capazes de perceber e transformar sua realidade.
Em
seu uso didático os relatos preparatórios
das aulas seguem dois caminhos: um instrumento de registro da aula usado
tanto pelos professores como pelos alunos; e um meio para interpretar, avaliar
e refletir sobre os processos didáticos. Já se faz muito presente os usos dessa
ferramenta por meio do quais professores pedem para os alunos elaborarem como
atividade única ou como uma atividade contínua, relatando o que acontece na
aula e permitindo que a aula se torne mais dinâmica, momento em que o professor
deixa de apenas transmitir o conhecimento em mão única e os alunos passam a participar
criticamente das aulas.
A
forma como se coletam os dados para ser registrados, o que nele estará contido
e a estrutura nem sempre são iguais. Os relatos
podem ter um cunho mais descritivo, mais reflexivo, ou uma parcela dos dois. O
ponto em comum se faz no aspecto de reservar um momento para pensar o que
ocorreu durante a prática. Não se faz necessário que os relatos feitos sejam listados diariamente, em cada dia de aula.
Isso não deixa de exercer o seu papel, ainda que com menor frequência. O
importante é que não se perca a continuidade.
Embora
o nome escolhido para ser trabalhado neste estudo tenha sido os relatos das aulas, o instrumento pode
vir a tratar também de acontecimentos que vão além da sala de aula, fatos que
permeiam a atuação do professor, como a relação com a coordenação do curso, com
os orientandos do Mestrado e Doutorado, as palestras e seminários extra-sala,
as produções escritas, entre outros fatos. O assunto a ser tratado pode ser um
tema específico, não focando na aula como um todo, mas em um assunto
previamente escolhido e planejado com o intuito de solucionar algumas questões
e/ou compreender alguns fatos, como o projeto de pesquisa dos alunos, por exemplo.
Vale destacar que o diário de aula,
aqui tratado como relatos prepatatórios
das aulas, é também um instrumento de pesquisa qualitativa. Dividido em
duas partes amplas. A primeira “centra
a análise em situações específicas integrando as dimensões referencial e
expressiva dos fatos” (ZABALZA: 2004, p.33). É possível notar que se trata de
uma metodologia de manejo delicado, pois ao confrontar as informações é preciso
observar sua confiabilidade, veracidade, entre outros fatores. A segunda parte traz uma classificação
do relato como meio de analisar o pensamento do professor, por se tratar de um
espaço narrativo deste pensamento do docente que “expõe, explica, interpreta
sua ação diária na aula ou fora dela.” (ZABALZA: 2004, p. 41). Assim, esse
instrumento torna-se metodologicamente rico para análise em pelo menos quatro
dimensões: na dimensão da escrita, que é uma forma interativa e, no caso, ativa
e pessoal; na dimensão da reflexão, uma vez que permite o “afastar-se” para
melhor analisar, seja o objeto narrado, seja o próprio autor; na dimensão da
integração entre o expressivo e o referencial e na dimensão sincrônica e
diacrônica da narração. Quanto mais variadas forem as informações presentes,
mais ricos serão os relatos.
Enfim, os relatos prepatatórios das aulas na Disciplina de Didática, tem um
importante papel de possibilitar o desenvolvimento pessoal dos alunos no
sentido de lhes proporcionar um espaço para revisão sobre seus próprios
conceitos e convicções acerca dos diversos pontos que permeiam a sua profissão,
principalmente a profissão daqueles que nos cursos de Pós-Graduação seguem a
carreira docente. Assistimos aqui a realização de uma tríade por meio de uma
Didática na Disciplina de Didática na Pós-Graduação na qual professor, aluno e
conhecimento dão sentido ao ensinar e ao aprender, ampliando e realizando os
laços dessa tessitura, ou seja, efetivando a dimensão ontológica da Didática cujo
objeto é o ensino em situação e cujo resultado é a aprendizagem do aluno.
3.2. Sobre a Didática da Disciplina de Ontologia do Ser
Social no Programa de Pós-Graduação por meio de Aulas Expositivas Dialogadas.
No item anterior descrevemos uma
prática metodológica na Disciplina de Didática do Curso de Mestrado
e Doutorado em Educação da UECE. Agora vamos remeter a uma prática metodológica
utilizado em outra Disciplina, não mais de Didática, mas que requer
procedimentos didáticos para a sua aplicação. O nosso desafio consiste em
apresentar a aula expositiva na Disciplina “Ontologia do Ser Social com ênfase
nos Fundamentos Filosóficos da Educação”. Trata-se de um duplo desafio:
primeiro porque há um tabu de que a
priori toda aula expositiva por parte do professor é tradicional; segundo
porque também criou-se um mito de que nas Disciplinas de Pós-Graduação em nível
de Mestrado e Doutorado o professor não deve ministrar aula uma vez que o aluno
é “pretensamente autônomo” e pode e deve pesquisar e aprender sozinho sem a
ajuda de um professor. Ora, se assim fosse o sistema dos Programas de
Pós-Graduação seria diferente: não precisaria o aluno cursar disciplinas e nem
tampouco haveria as disciplinas específicas conforme a área do Programa.
Essa questão se torna mais complexa ainda
nos Programas de Pós-Graduação em Educação uma vez que neles ingressam alunos
de várias áreas de conhecimento (e não somente dos Cursos de Pedagogia) como:
Engenharia, Física, Química, História, Filosofia, Enfermagem, Fisioterapia,
etc. Então ministrar aulas de Filosofia para esse publico bastante heterogêneo
é um grande desafio e, nesse sentido, a aula expositiva se faz bastante
necessária. É claro que não se trata de uma exposição unilateral e sim
dialogada com leituras antecipadas pelos
alunos, mas, por vezes, o discurso fica mais centrado no professor,
principalmente em aulas de Filosofia (Fundamentos Filosóficos da Educação) para
aqueles que não tem formação na área. Portanto, dependendo de como é conduzido
o discurso teórico, ele pode despertar o interesse e a aprendizagem do aluno e,
nesse aspecto, pode-se gerar um campo de possibilidades, evidentes e/ou
latentes, para o estabelecimento de teleologias, na dimensão ontológica da
didática, no sentido de elevar o aluno à aprendizagem de determinados
conceitos, concepções, ideologias, conteúdos e outros.
Diante dessas considerações podemos
perguntar se a aula expositiva pode ser uma mediação didática para a real
aprendizagem dos alunos. As nossas experiências de sala de aula, os depoimentos
dos alunos, da Pós-Graduação em Educação, inclusive os da gravação do vídeo[8]:
um formado em História, aluno do Doutorado em Educação, o outro formado em
Física, aluno do Mestrado em Educação, nos demonstram que a teleologia ai
estabelecida na mediação didática teve o seu resultado satisfatório.
Além do mais, abstraindo todo o tabu que
se tem da aula expositiva, partimos do pressuposto de que toda aula, embora de
cunho teórico, ela é também prática no sentido de se referir a dimensão de uma
determinada realidade e, nesse sentido, não se pode prescindir da aula
expositiva, mesmo que ela seja permeada por discussões e/ou metodologias
diversas. Desse modo, teremos sempre a necessidade de uma exposição, de uma
aula expositiva.
Isso vem demonstrar que o campo de
conhecimento da Didática é multidimensional pois ela não se refere só um nível
de saber ou só a uma área de conhecimento. Repetimos: o ato de ensinar tem em
si o ser da Didática, quer dizer, a Didática é intrínseca ao próprio ensino e,
enquanto tal, ela compreende todas as áreas e níveis de ensino, incluindo o
ensino nos Programas de Pós-Graduação.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As discussões sobre a questão da Didática,
ainda apresentam muitas dificuldades de se compreender a sua razão de ser, a
sua dimensão ontológica no processo ensino e aprendizagem. Há inúmeras
tentativas de se buscar um estatuto de cientificidade para a Didática. No
entanto é preciso ter em conta que não se trata de um fundamento epistemológico
e sim ontológico, quer dizer, o campo de conhecimento da Didática só pode
ocorrer a partir da natureza do seu próprio ser, a partir da ação docente do
professor no processo de ensino e aprendizagem em qualquer área e/ou nível de
ensino.
Nesse sentido podemos dizer que não há regras
prontas, universais e gerais que venham pretensamente direcionar a práxis do
ensinar e do aprender. Portanto, não é possível entender a Didática por um
único ângulo ou por um corpo de teorias a
priori que vá ditar a ação do professor. Por outro lado, ela não ocorre sem
um campo de conhecimentos decorrente da relação teleologia e causalidade no
processo ensino e aprendizagem. É preciso levar em conta a sua complexidade e a
sua multirreferencialidade no sentido de que o processo ensino e aprendizagem
ocorre sempre numa situação específica, num determinado contexto histórico e
social, o que vai requerer determinadas teleologias e conhecimentos para realizá-las
mediante os nexos causais, compreendendo os vários componentes que influenciam
e que são influenciados nesse processo. Tudo isso levando em conta o nexo
“se... então”. Como já mencionamos: de acordo com as teleologias estabelecidas,
condições para realiza-las e de acordo com as escolhas, então teremos
determinadas causalidades, campo de conhecimentos, possibilidades (evidentes ou
latentes) e determinados resultados. Trata-se de levar em conta as teleologias,
condições objetivas e os nexos causais do momento, quer dizer, da situação em
pauta para que se obtenha um bom resultado no processo de ensino e aprendizagem
a partir do qual se revela a dimensão ontológica da Didática. A questão central
aqui é a intenção (ideação) que se estabelece na teleologia e no conhecimento e
ações para realiza-la tendo como fim último a aprendizagem do aluno em qualquer
área e nível do ensino, inclusive nos cursos de Pós-Graduação.
É nesse aspecto que não se pode, a priori, refutar, por exemplo, uma aula expositiva, pois, em si, ela não é
nem didática e nem antididática. Serão as teleologias estabelecidas na aula, os
nexos causais, as condições objetivas e a própria ação do professor e a
aprendizagem do aluno que vão determinar se aquela aula expositiva foi didática
ou não. O mesmo podemos falar dos relatos
preparatórios das aulas. Eles, em si, não têm mérito ou desmérito. Porém o
modo como tais relatos são conduzidos diante das necessidades e das
circunstâncias objetivas eles poderão ser ou não uma excelente mediação
didática para a aprendizagem do aluno.
Foi essa a questão central deste escrito:
o desafio de apresentar, por meio do diálogo entre os alunos, duas experiências
de aulas em situação demonstrando a sua aprendizagem no Programa de Mestrado e
Doutorado da UECE e da UFC. A partir desse diálogo, cujos comentários foram
bastante promissores em relação à aprendizagem dos alunos, podemos demonstrar a
dimensão ontológica da Didática que consiste na determinação reflexiva entre a
teleologia (finalidade do ensino) e causalidade (aprendizagem do aluno). Essas
experiências nos possibilita afirmar que é preciso superar o preconceito de que
a aula expositiva, em si, é
tradicional. Tal preconceito tem rebaixado muito a qualidade do ensinar e do
aprender, principalmente nos cursos de Pós-Graduação. Também os relatos preparatórios das aulas vem
desmistificar a consideração da Disciplina de Didática como sendo
essencialmente “um mostrar como fazer uma aula”, ou seja, como sendo um
estabelecimento a priori de métodos e
técnicas de ensino, o que moldaria o aluno, bloqueando a autonomia do seu
aprender. Quem ditará a Didática serão muito mais as condições objetivas, os
nexos causais da aula em situação, as individualidades dos alunos, o seu grau
de cognição em relação ao assunto da aula, a sua visão de mundo, etc.,
requisitos esses que exigem fazeres didáticos diferentes. O importante é o seu
alcance: a aprendizagem do aluno.
Tudo isso irá contribuir para a alteração das
terminações causais objetivas no sentido de se obter o novo, o salto
qualitativo do gênero humano. É importante frisar que só há essa possibilidade
se a ação do professor for competente, quer dizer, se ela for permeada por uma
ação que envolva, como defende Terezinha Rios (2001)[9] as
dimensões técnica, estética e ética, sendo essa última a dimensão fundante. É
nesse sentido que falamos, no presente texto, que a dimensão ontológica da
Didática requer a consideração da sua natureza ética, pois só pode haver ensino
se houver aprendizagem, repetimos, em qualquer área e/ou nível de ensino.
Portanto nos cursos de Pós-Graduação, embora os alunos tenham uma maior
autonomia intelectual para realizar as suas pesquisas, eles precisam de uma orientação,
de um ensino, e isso requer a aptidão didática do professor.
Para finalizar, podemos afirmar que, no
sentido dialético e na sua dimensão ontológica, não há uma contraposição entre
ensino e aprendizagem, pois, só pode ocorrer o ensino se houver aprendizagem
cuja mediação requer a Didática que deve ser intrínseca ao ser do professor;
essa é a razão de ser da Didática, é a sua dimensão ontológica. Foi por esse
viés que buscamos aqui apresentar parte das nossas práticas, situando-as a
partir de nossa compreensão acerca da
dimensão ontológica de Didática. Isso nos possibilita fazer o convite para
ampliarmos a discussão de Didática neste Gt, no âmbito das nossas práticas metodológicas, e propor uma agenda de estudos
que se constitua com base em análises de
situações de práticas de avaliação, autoavaliação, práticas de planejamento, dentre outras.
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[1] A edição que tomamos neste escrito
é a italiana, da Editora Riuniti, Vol. I (1976) e Vol. II (1981) cuja tradução
das passagens aqui citadas é de responsabilidade da Professora Fátima Maria
Nobre Lopes – UFC.
[2] O termo “determinações reflexivas”
não se refere diretamente ao termo “pensamento reflexivo” e sim diz respeito
aos pares ontológicos a partir dos quais ocorre a síntese dialética e a
aquisição do novo.
[3] No artigo “A dimensão ontológica
da trilogia ensino, pesquisa e extensão no estágio supervisionado” (2011), de
autoria de Silva Filho e outros, essa tematização das teleologias primárias e
secundárias está exposta com mais detalhes.
[4] O positivismo tenta dar um
descrédito à ontologia buscando no processo cognitivo a chave dos problemas da
existência social dos homens, isso provoca um problema para o próprio
conhecimento uma vez que ele deriva do próprio ser. Não se pode identificar a realidade
em si com a realidade conhecida. O positivismo reduz toda essa problemática às
categorias puramente lógicas e epistemológicas do sujeito cognoscente e só
considera real o que é quantificado e manipulado. Tal manipulação é
generalizada no mundo capitalista, principalmente com a teoria positivista de
Augusto Comte que considera as leis sociais como sendo naturais, cabendo ao
cientista social apenas o conhecimento e a descrição dessas leis com métodos
experimentais somente cientificamente válidos. Nessa ótica a complexidade dos
processos sociais não é levada em conta.
[5] Segundo Lukács (1981), é na busca
dos meios e no exame das condições objetivas para a realização de uma
teleologia que se gera o conhecimento, que se gera as ciências.
[6] O mesmo ocorre com a Didática: é
preciso que o ensino e o seu modo de realização esteja em condições de levar à
real aprendizagem do aluno. Daí a importância do estabelecimento de teleologias
(secundárias, pois estamos no âmbito da superestrutura) voltadas para as condições
possíveis da sua realização e para a obtenção satisfatória dos resultados.
[7] Jacques Ardoino foi professor da
Universidade de Paris, Vincennes. Na década de 60, em contraposição a uma
interpretação positivista e funcionalista das Ciências Humanas, ele desenvolveu
uma abordagem multirreferencial para essas Ciências devido à complexidade dos
processos sociais. Desse modo, ele leva em conta as várias esferas das Ciências
Sociais e Humanas uma vez que exige a consideração dos vários campos de saberes
e de especialidades na construção do conhecimento sobre os complexos sociais,
principalmente os educativos.
Roberto Sidnei e outros (2012) comentam que no Brasil o seu pensamento tem sido
estudado para uma fundamentação de vários temas, como: gestão educacional,
avaliação de aprendizagem, formação de professores, didática, etc.
[8] Esse vídeo refere-se a gravação de
um diálogo entre alunos do PPGE UECE e
PPGE UFC com o seguinte título: "Conversas sobre o objeto em Situação: os
relatos preparatórios das aulas e a aula expositiva nas disciplinas de Didática
e de Fundamentos de Filosofia nas aulas do Mestrado e Doutorado em Educação da
UECE e da UFC.
[9] A esse respeito ver o livro Compreender e Ensinar – por uma docência da
melhor qualidade, 2001, de
Terezinha Rios, principalmente o capítulo 3: “Dimensões da Competência”.
Esse texto discute a importância e a função da Ontologia da Didática nos cursos de Mestrado e Doutorado e da relação entre ensino e aprendizagem. No texto fala "que a dimensão ontológica da Didática, como área da Pedagogia, ocupa-se do processo de ensino como prática intencional, sistematizada e dirigida à aprendizagem do aluno", ou seja, o ensino deve está direcionada á aprendizagem do educando, se não há ensino, não há aprendizagem e assim vice e versa e isso vale para todos os níveis de ensino.
ResponderExcluirNome: Graziela Oliveira Torres/4°semestre/Pedagogia/manhã
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDe acordo com o texto, podemos perceber, que a Didática é uma disciplina fundamental na formação e no trabalho do professor, pois ela nos dá um direcionamento nos meios de aprendizagem. O texto também destaca a importância da didática em estar presente em todos os níveis da educação (Pós-graduação, mestrado, doutorado). Além disso, apresenta o objetivo da concepção ontológica dá Didática que é o ensino no qual a aprendizagem vem como resultado.
ResponderExcluirMilena de Freitas Nogueira.